Em 2012, de Roland Emerich, governantes dos países ricos são os mocinhos do filme. Mais fácil acreditar em teorias apocalípticas.
O absurdo de 2012 não é a teoria de que um alinhamento de planetas causaria catástrofes capazes de destruir a Terra. Nem acreditar que o mundo acaba em 2012 por causa de uma profecia maia. As situações de falso suspense também não são tão difíceis de aceitar, pois as conhecemos de outros filmes. Heróis e heroínas sempre escapam das piores enrascadas no último momento.
Absurdo mesmo é ver governantes dos países mais ricos do mundo demonstrando compaixão por seus governados. Depois de gastar bilhões em enormes navios para salvar a si mesmos, seus familiares e auxiliares, presidentes e primeiros-ministros resolvem deixar que o povo entre em suas confortáveis arcas. O pior é que o presidente dos Estados Unidos nem mesmo sobe a bordo. Fica para trás para morrer com seus concidadãos.
O personagem de Oliver Platt é o único que faz algum sentido. Ele é Carl Anheuser, assessor frio e calculista da Casa Branca, que não cansa de dizer que somente alguns podem se salvar para “continuar a espécie”.
É esta a mentalidade reinante hoje e não deverá ser muito diferente daqui a dois anos. É este modo de pensar que prevalece cada vez mais no capitalismo e que ganhou novo impulso com o neoliberalismo dos últimos 30 anos. É esta a lógica que elegeu a grande maioria dos atuais governantes. Principalmente, nos países que mandam no mundo.
Finalmente, é esta a concepção que vem alimentando a corrida da humanidade rumo ao desastre ambiental e social. E se os povos do mundo não impedirem, não será preciso nenhum alinhamento de planetas para que a maior parte da humanidade seja condenada a miséria, fome e doenças.
Acreditar em teorias fantasiosas, tudo bem. Mas, crer em governantes de alma caridosa? Haja imaginação.
Sérgio Domingues – novembro de 2009
23 de nov. de 2009
Assinar:
Postagens (Atom)