28 de jul. de 2010

Campeões de bilheteria e de caretice

Toy Story 3, Encontro Explosivo e Eclipse. Três boas bilheterias. Três exemplos do conservadorismo de Hollywood.

“Toy Story 3” é dirigido por John Lasseter. A animação competente e os efeitos em três dimensões não salvam o filme. Os divertidos brinquedos animados, liderados por Wood, estão em apuros. Seu dono cresceu e vai para a universidade. Estão entre serem esquecidos no sótão da casa ou jogados no lixo. Na confusão para escapar a tais destinos, acabam numa creche.

Poderia ser um bom pretexto para mostrar as vantagens da educação infantil em ambientes coletivos. A necessidade da diversidade social como elemento de educação e formação. A importância da posse comum de brinquedos. Talvez, a luta dos donos da creche para manterem-na aberta.

Ao invés disso, a situação é de pesadelo. O que parecia um paraíso de crianças acolhedoras mostra-se um inferno de pestinhas destruidoras. Longe dos pais protetores, os pequenos viram um bando incontrolável. Para completar, o líder do pedaço é um urso de pelúcia que não passa de um uma mistura de ditador com mafioso. Se a liberdade e a vida coletiva representam esses riscos todos, melhor se contentar com o bom e velho sótão.

O final feliz é a doação dos brinquedos a um novo lar. Tornam-se mascotes de uma garotinha gracinha, em um belo subúrbio americano. A menininha é pobre, mas isolada em sua casinha agradável está longe dos problemas que a vida comunitária causa.

Tudo muito fofinho. Tudo muito convidativo e atraente. É só sair da sala de cinema e se dirigir à loja mais próxima para comprar mais produtos da franquia. É a felicidade fácil, cara e curta na forma de bonecos sorridentes, em embalagens coloridas.

Em “Encontro explosivo”, James Mangold coloca Cameron Diaz e Tom Cruise nas mais variadas confusões. Variadas sem sair da mesmice. Muita perseguição, acrobacias, efeitos especiais e cenas que poderiam ser engraçadas mas não são.

Tudo para mostrar uma personagem feminina bancando a pateta em 90% das cenas. Caidinha pelo bonitão, que sabe tudo e vence a todos, sem tirar o sorriso cheio de dentes branqueados da cara. No final, a garota revela grande habilidade ao volante de um automóvel antigo. Mas, utiliza seus talentos única e exclusivamente para agarrar o bom partido que apareceu em sua vida chata.

Em “Eclipse”, de David Slade, a juventude está mais careta do que nunca. A começar por um vampiro bonzinho que faria Drácula querer morrer se já não fosse defunto há séculos. Neste parte da saga “Crepúsculo”, Bella está sendo disputada por seu namorado sanguessuga e seu amigo lobisomem. Nessa condição, vive sendo carregada de um canto para o outro como uma boneca.

O pior é que o jovem vampiro se recusa a transar com sua noiva antes do casamento. Ele se desculpa dizendo que é um cavaleiro do século 17. Do tipo que precisa fazer a corte à dama por meses antes de beijá-la. Mas, está mais para um adolescente do século 21 nos Estados Unidos de Bush. Aquele que recomenda não fazer sexo como a única forma de evitar Aids, gravidez indesejada, etc.

Filmes como esses deixam bem clara a principal função do cinema empresarial inspirado por Hollywood. Em meio a risadas, lágrimas, pipocas e refrigerantes nossas mentes vão sendo amaciadas. Amolecem suas defesas contra os valores mais conservadores e imbecilizantes.

3 comentários:

Anônimo disse...

Comportamento de fazer Drácula virar no caixão foi muito bom! Rodney

João Kleber Santana disse...

Assisti apenas Crepúsculo. Representa sim um ideal de mulher passiva em que o homem é o provedor que cuida dela. Mas até achei ousado o triangulo amoroso presente no filme. A cena da noite no cume da montanha gelada é incomum.
Kleber

Karina Mendes disse...

essa saga crepúsculo é bem adolescente, senão infantil, quando vi o primeiro (único até agora) fiquei decepcionada, onde já se viu filme de vampiro sem sexo?
sobre a caretice dos jovens, cara escuto cada coisa da boca de pessoas de 20 e poucos anos, que parece que estou ouvindo minha mãe de 71 anos falar!