A covarde repressão que se abateu sobre os professores municipais do Rio de
Janeiro nos últimos dias é vergonhosa. Mais
vergonhoso é o comportamento da grande imprensa. Com exceção do jornal Extra,
os demais se desdobram para justificar a violência de que são vítimas os
educadores.
Foram cerca de 50 dias de paralisação até que o prefeito resolvesse ouvir a
categoria. Eduardo Paes apresentou como resposta às reivindicações a promessa
de apresentar um plano de carreira que contemplasse suas exigências.
Os trabalhadores suspenderam a greve, mas o plano de carreira mostrou-se uma
fraude. A proposta deixou de fora 93% da categoria, por exemplo. Só vale para os
professores em regime de trabalho de 40 horas semanais, que são minoria.
Os educadores voltaram a paralisar as atividades. Mesmo assim, Paes enviou o
projeto para a Câmara, cuja maioria é por ele controlada. Os professores
passaram a pressionar o legislativo municipal. Foram recebidos a cassetete, gás
de pimenta, gás lacrimogêneo, balas de borracha.
Enquanto isso, a grande imprensa faz seu costumeiro trabalho sujo. Jamais explica
o que aconteceu. Não diz que o prefeito deu um golpe nos educadores. Só fala
das manifestações e atividades nas editoria policial ou de trânsito. Faz tudo
para jogar a população contra os trabalhadores em greve.
Em sua edição de 02/10, o Globo voltou a tratar o massacre sofrido pelos
professores na Cinelândia no dia anterior como choque, confronto, conflito. Deu
destaque à informação de que há vários diretores do Sindicato Estadual dos
Profissionais de Educação são militantes políticos do PSOL e do PSTU. Então, é
assim. São militantes políticos? Pau neles.
Falando nisso, os profissionais da imprensa parecem estar sendo poupados pela
violência da polícia, diferente do que vinha acontecendo há alguns meses. Nada
mais justo. Eles só estão trabalhando. Mas quem agradece são seus patrões, que
não precisam ficar zangadinhos com o comando da PM. A porrada sobrou, mesmo,
para quem luta por seus direitos.
Mas parece que chegamos a uma espécie de esquizofrenia jornalística, também.
Fotos e vídeos dos próprios veículos não puderam deixar de mostrar os
educadores submetidos ao tratamento mais violento. Os textos falados e escritos
referem-se a “confronto”, “confusão”, “choque”.
Como se os dois lados estivessem em igualdade de condições.
As imagens revelam policiais fortemente equipados e armados, agredindo
trabalhadores munidos apenas de bandeiras e bolsas. Uma foto de O Globo
mostrava um suposto membro do Black Block com um estilingue nas mãos. A legenda
tratou a cena como um ataque à PM.
Novamente, como em junho passado, é possível sentir a revolta popular em
relação às ações covardes das forças de repressão. O que preocupa é que a
tendência é a polícia radicalizar sua atitude. São quase 50 anos de
militarização a treinar os soldados para a repressão às forças populares.
Em 03/10, o Globo teve que mostrar o fragrante de policiais tentando incriminar
manifestantes. As fotos da capa mostravam um PM fingindo encontrar rojões na
mochila de um jovem estudante de 15 anos.
Na mesma página, uma nota dizia que a
proposta dos educadores em greve levaria ao pagamento de salários de R$ 132 mil
para professores, segundo a versão mais do que suspeita da administração Paes.
Mais uma vez, as imagens mostram os crimes da polícia, de um lado, e o texto
tenta justificá-los, de outro.
A grande mídia vem tentando legitimar as ações policiais. Os governos Paes e
Cabral as incentivam. O governo federal se omite. São todos culpados por crimes
contra a democracia.
12 de out. de 2013
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